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sexta-feira, 19 de março de 2010

PACOTI - CE

CINE PARAGUAÇU - Prop. Claudemiro Lopes Bezerra
R. do Mercado s/n - Fund. 1951 - Cinema - 200 lugs. Ap. 16 m/m
Func. 3 dias por semana - Média anual 120 sessões - 8.400 espectadores

Um comentário:

  1. A sessão noturna e única se terminava por volta das nove e meia da noite. Somente poucas vezes minha família desfrutava daquele lazer, e, ainda assim, porque minha mãe Elita instava, com insistência, meu pai José Bezerra de Menezes – meio sisudo e muito voltado para suas leituras – a se abalar do Sítio Brejinho até Pacoti no nosso jipinho de capuz alto. Era um regalo inesquecível irmos – meus pais e os irmãos Homero, Uiama, Jaciara e tio Hélio, o mestre inigualável dos motores diesel – ao cine Paraguaçu. Papai, que às vezes criticava com certo azedume o desconforto e a modéstia do cinema, não deixava transparecer, todavia, que furtivamente se regalava também com alguns filmes que às vezes rodavam: Floradas na Serra, dramáticos cowboys pela arte de Glenn Ford – quase tudo legendado, com breves interrupções necessárias para a colocação de novos rolos que compunham toda a fita. Imagine-se o quanto nós, matutos infantis e adolescentes e sequiosos de novidades de um mundo ainda misterioso e desconhecido, nos rejubilávamos! As informações palpitantes e mais atuais da vida brasileira provinham de um radinho a bateria e das revistas O Cruzeiro e Manchete, que o nosso pai quase nunca deixava de receber.
    Escrevendo estas memórias, ocorre-me lembrar que algumas gravações musicais, executadas logo após a sessão dos filmes no cine Paraguaçu, e enquanto os assistentes deixavam aquele recinto, traziam duas ou três músicas bem marcantes: Dorinha Meu Amor era uma delas; a voz de Mário Reis parecia sublinhar uma imensa nostalgia que na minha mente infantil se deflagrava diante do destino infeliz ou sombrio que algum personagem deixara entrever na peça daquele pobre, mas valiosíssimo cinema.
    Louvores ao Claudemiro e ao seu Cine Paraguaçu que me permitiram estas saudades tão intensas quanto verdadeiras!

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